domingo, 15 de abril de 2007

Soft


Desde há alguns anos que sou um incondicional adepto de um estilo de filmes mais… chamemos-lhe , vá lá, “soft”. Levezinhos. As comédias românticas.

Será grave, isto? Se calhar, é. Mas se for grave, então é muito grave, pois eu gosto mesmo muito do género! Há quem lhes chame “filmes de gaja”. Se calhar, estou pior do que imaginava…

Isto a propósito de mais um que vi hoje: “Music and Lyrics”, com a Drew Barrymore e o Hugh Grant.

Para começar, temos todos que agradecer o facto de a Drew Barrymore estar (aparentemente) recuperada da passagem pelo “lado negro” da vida (digo eu). E em bom tempo se recuperou porque, meus caros, há passagens neste filme em que ela está linda! Mas linda! Uma cara, uns olhos… Enfim. Ainda bem. É bom saber.

Depois, aquele jeito “desajeitado” do Hugh Grant não tem igual. Não tem. Ele, por onde quer que passe, quer se esforce muito ou pouco, é e sempre será (felizmente!) um “bife”. Mas um “bife” com estilo. Com dúvidas. Com hesitações. Receios. Mas igualmente com pinta. Com presença. É por isso que gosto do gajo.

Agora que estou a pensar nisso, gostei bastante de todos os filmes que vi em que ele entrou – não, não vi a Bridget Jones 2 e, cá entre nós, acho que fiz bem…

A história é, obviamente, levezinha – um ex-Pop Star estilo Anos 80, a viver de cantar velhos hits em festas para pequenas plateias de mulheres que o adoravam na sua adolescência, é contactado por uma superestrela da actualidade para lhe escrever em dois dias uma música, com quem a gravará e posteriormente cantará. Descobre uma letrista (uregentemente necessária, pois ele é apenas intérprete) na pessoa mais improvável – a rapariga que lhe rega provisoriamente as flores do apartamento (!), e que é substituta temporária da “original”, ausente.

O filme prende. Tem piada. Vê-se com um sorriso (quase) do princípio ao fim. E dispõe bem. Não é certamente uma obra-prima. Mas será que tinha que o ser?

É óbvio que, quando se vai ao cinema, vai-se por dois motivos principais, quanto a mim: distracção (ou “entretenimento”, se quiserem) e “enriquecimento”. E se há filmes que caem exclusivamente apenas numa destas duas categorias, outros há que conseguem abranger ambas. Estes são aqueles que ficam marcados na nossa memória como “as nossas” obras-primas. Podem não agradar a todos, mas isso também é muito difícil…

Dentro deste género, lembro-me do “Sleepless in Seattle” (é excelente do princípio ao fim), do “French Kiss” (idem, aspas), do “Notting Hill” (um bálsamo – uma grande dupla numa grande cidade), do “My Best Friend’s wedding” (excelente Julia Roberts), do “Four Weddings and a Funeral” (espectáculo!), do “Bridget Jones’ Diary” (com um excelentemente contido Colin Firth, o eterno Mr. Darcy de “Pride and Predjudice”), do “About a Boy” (mais um à medida do Hugh Grant), do “You’ve Got E-mail” (que tem um final muito apressado e mauzinho), do “How to Lose a Guy in Ten Days” (Matthew McConnaughy e Kate Hudson muito dinâmicos), do “Laws of Attraction” (novamente com dois actores em grande, Julianne Moore e Pierce Brosnan), só para mencionar alguns dos mais recentes, e dos quais gostei muitíssimo.

As histórias, algumas, são muito fraquinhas. Mas os actores, normalmente, são excelentes, as músicas (ligeiras, algumas são verdadeiramente “da história da Música”) ficam quase sempre bem, e são filmes que acabam bem. Acabam bem.

Já agora, há alguma coisa contra um filme que acabe bem? Digam-me!

Estes filmes são positivos. Dispõem bem, como já disse do filme de hoje.

Eu acho que isto também é “cinema”. Não é preciso ser um filme negro, ou sangrento, ou violento, ou acabar mal, ou ser feito por “amigos da côr”, ou ser de autêntica “militância política” (estamos em “terreno escorregadio”, agora…) para ser considerado “cinema”. Ou será que é?

Acho que já vi muito “cinema”. Alguns dos filmes fundamentais nunca vi. Mas vi muitos “dos outros”. Alguns violentos, outros sangrentos, outros que acabam mal, outros “militantes”. Sem querer ser pretensioso – é coisa que nunca fui, felizmente – vejo que os meus filmes favoritos passam por várias décadas (estão quase todos aqui):

“Casablanca”, Michael Curtiz, 1942;
“It’s a Wonderful Life”, Frank Capra, 1946;
“The Quiet Man”, John Ford, 1952;
“Rio Bravo”, Howard Hawks, 1959;
“The Man who shot Liberty Valance”, John Ford, 1962;
“My Fair Lady”, George Cukor, 1964;
“El Dorado”, Howard Hawks, 1966;
“Bullitt”, Peter Yates, 1968;
“The Godfather”, Francis Ford Coppola, 1972;
“Star Wars”, George Lucas, 1977;
“Apocalypse Now”, Francis Ford Coppola, 1979;
“Alien”, Ridley Scott, 1979;
“Raiders of the Lost Ark”, Steven Spielberg, 1981;
“Blade Runner”, Ridley Scott, 1982;
“E.T.”, Steven Spielberg, 1982;
“Rumble Fish”, Francis Ford Coppola, 1983;
“The Big Chill”, Lawrence Kasdam, 1983;
“War Games”, John Badham, 1983;
“Amadeus”, Milos Forman, 1984;
“Out of Africa”, Sydney Polack, 1985;
“Silverado”; Lawrence kasdan, 1985;
“Always”, Steven Spielberg, 1989;
“The Abyss”, James Cameron, 1989;
“Grand Canyon”, Lawrence Kasdan, 1991;
“Schindler’s List”, Steven Spielberg, 1993;
“The Bridges of Madison County”, Clint Eastwood, 1995;
“The Usual Suspects”, Bryan Singer, 1995;
“Contact”, Robert Zemeckis, 1997;
“Saving Private Ryan”, Steven Spielberg, 1998;
“Castaway”, Robert Zemeckis, 2000;
“Gladiator”, Ridley Scott, 2000;
“Minority Report”, Steven Spielberg, 2002;

Estes e outros são filmes de que muitos gostaram e eu não sou excepção.

Géneros dos filmes acima mencionados? São vários. Talvez também por causa disto, desta lista e da sua variedade, reservo-me o direito de gostar das tais comédias românticas - um género por vezes mal-amado por uma certa crítica pseudo-intelectualóide que, sinceramente, me irrita e que, como sabemos, normalmente “move-se” por motivos que pouco ou nada tem a ver com cinema. Mas isso é outra história.

Ou seja, venham mais Drew's e Hugh's e outros do género - eu agradeço!

1 comentário:

gir@f disse...

Olha...eu confesso que mesmo dentro do genero, achei fraquinho...
Gosto dos actores mas ha filmes de "gaja" melhorzitos.
P.s...sou só eu que sou fanática de pipocas??? ninguém mais fala nas pipocas?