quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Os "Orgulhosos Verdes"


O meu gosto pelo desporto vai muito para além do que tenho pelo futebol. E parece estar a decorrer uma ressureição de que me apetece falar.


Aqui há uns vinte e cinco anos, a RTP começou a transmitir os jogos da NBA, a liga de basquetebol profissional americana. Isso teve um impacto enorme na malta que gostava de desporto em geral e, em particular, nos amantes do basquetebol.

Sempre houve umas grandas jogas de basquete cá em Portugal, também... Lembro-me, quando era miúdo, de ouvir falar nos três grandes (que tinham, geralmente, boas equipas) e também do Sangalhos, do Illiabum e de mais uns quantos. E havia uns derbies bem animados, acreditem!

Nessa altura, na NBA, reinavam os Los Angeles Lakers e os Boston Celtics.

Os Lakers, treinados pelo "mestre" Pat Riley, tinham uma equipa absolutamente fantástica, onde pontificavam jogadores como "Magic" Johnson, Mychael Cooper, A. C. Green, Byron Scott, James Worthy e Kareem Abdul-Jabbar. Os Lakers jogavam um basquete tão animado, rápido e imprevisível que era apelidado de "Showtime", tal era o espectáculo que davam.

Já os Celtics, treinados pelo K. C. Jones, eram o seu contraponto: faziam um jogo mais pausado, sem grandes correrias, um pouco à imagem do seu treinador, mas com uma certeza nos passes e com uma qualidade de lançamento como ninguém mais tinha. Um dos seus melhores quintetos da altura é considerado, por muitos experts na matéria, como o melhor da história: Dennis Johnson, Danny Ainge, Larry Bird, Kevin McHale e Robert Parish.


Na altura, quando transmitiam esses grandes jogos das Finals do campeonato, eu escolhi torcer por uma dessas equipas, como tantas vezes faço (seja em que desporto for): preferi os Celtics.

Talvez o facto de jogarem de verde tenha ajudado... :)

Soube mais tarde que os Boston Celtics são a equipa com mais títulos da história da NBA - dezasseis, ganhos maioritariamente nos anos sessenta.

Julgo que foi nessa altura que foram apelidados de "orgulhosos verdes", pois jogavam com uma atitude não só extremamente competitiva como, por vezes, algo arrogante. Escusado será dizer que todos lhes queriam ganhar. Mas tiveram equipas imbatíveis, e venceram sete dos dez títulos em disputa nesses anos.

Estas duas equipas dividiram a maioria os títulos dos anos oitenta: três para os Celtics, e cinco para os Lakers, se bem me lembro. E foi graças à enorme rivalidade entre o celtic Larry Bird (branco, oriundo de uma pequena terreola do estado de Indiana) e o laker Earvin "Magic" Johnson (negro, nascido numa pequena cidade no estado de Michigan) que a NBA começou a crescer e a tornar-se no que é hoje - talvez o campeonato desportivo mais conhecido e apreciado em todo o mundo.

Depois... bem, depois, já no início dos anos noventa, apareceu um tipo chamado Michael Jordan, que revolucionou ainda mais o jogo, fazendo movimentos até aí nunca vistos e marcando várias vezes mais de cinquenta pontos num único jogo (coisa raríssima de ver). Tornou-se no melhor jogador da Liga e é considerado, hoje e julgo que continuará a sê-lo por muito tempo, o melhor de sempre.

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Nos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona, foi dada autorização aos EUA para levarem jogadores profissionais de basquetebol (o que nunca tinha acontecido antes) ao respectivo torneio olímpico. E foi então nesse ano que nasceu a equipa que ficou conhecida como o "Dream Team", da qual fizeram parte, além de Bird, Magic e Jordan, os seguintes jogadores: Charles Barkley (Phoenix Suns), David Robinson (San Antonio Spurs), Chris Mullin (Golden State Warriors), Scottie Pippen (Chicago Bulls), Patrick Ewing (New York Knicks), Karl Malone (Utah Jazz), John Stockton (Utah Jazz), Clyde Drexler (Portland Trail Blazers) e Christian Laettner (Universidade de Duke). Todos jogadores de primeiríssima água, e que, anos mais tarde, foram nomeados para o chamado "Hall Of Fame" da NBA - o seu "quadro de honra"!

Espectáculo!!

Nunca mais se conseguiu reunir numa selecção nacional um naipe de jogadores com a qualidade deste. E duvido que alguma vez se volte a conseguir.

Há uma foto famosa onde estão alinhadas todas as selecções que participaram nesse torneio. Vêem-se as selecções todas dispostas em fila, ao lado umas das outras, e enquanto que a americana tem, nesse instante, quase todos os seus jogadores a olhar em frente, todos os jogadores das restantes selecções (sem uma única excepção!) estão ou a tirar fotografias aos americanos, ou a olhar para eles, como se fossem extraterrestres (que, de certa forma, até eram...).

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A NBA, entretanto, mudou. E enquanto que os Lakers se foram mantendo mais ou menos a um nível de topo - venceram mais uns três campeonatos, acho eu, com jogadores fantásticos como Kobe Bryant e Shaquille O'Neal - os Celtics nunca mais ganharam um campeonato (o último data já do algo longínquo ano de 1986).

Pois este ano, o director geral dos Celtics passou-se. Já tinha na equipa um excelente jogador, mas que estava muito desapoiado e com uma grande tendência para se sentir frustrado, pois sentia-se impotente para levar sozinho às costas uma equipa sem grandes perspectivas - o base-extremo Paul Pierce. E, neste Verão, resolveu manter Paul Pierce e despachar a restante equipa quase toda (a do ano passado) para poder ir buscar dois grandes jogadores de topo, que já estão numa fase mais... "avançada" das suas carreiras, mas que ainda devem ter muito para dar ao basquete:

- Kevin Garnett, um extremo-poste com 2,11m que já foi o melhor jogador (MVP) da Liga em 2004 (comprado aos Minnesota Timberwolves), e

- Ray Allen, um dos melhores bases lançadores da Liga (vindo dos Seattle SuperSonics).

Garnett, Allen e Paul Pierce já foram várias vezes nomeados para o jogo All Star - para este jogo "de todas as estrelas" os jogadores são eleitos pelo público! Escusado será dizer que nasceu uma nova "alma" na equipa.


Espera-se muito deste novo Big Three em Boston.

O Big Three original eram Larry Bird, Kevin McHale e Robert Parish, os mais influentes e decisivos jogadores do tal quinteto da equipa dos anos oitenta.


Devidamente acompanhado de jogadores tipo-operários, poderão devolver a uns quase moribundos Celtics o brilho que o tempo foi apagando. E já se diz que estarão de novo prontos para lutar pelo título.

Como adepto que sou, espero sinceramente que sim!

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