domingo, 11 de novembro de 2007

Zero

"Exibição-zero" na derrota em Braga (0-3). Foram zero golos, zero oportunidades de golo, zero em ambição, zero em garra, zero em táctica... e zero pontos.

Acho que a sobrecarga de jogos está muito longe de justificar tudo.

O Braga foi mais rápido, mais forte, mais perigoso e, como tal, mereceu inteiramente a vitória.


É nestas alturas que dá vontade de perguntar: para quê ter uma Academia de Formação de "talentos"?

O Sporting não só não lucra desportivamente - de resto, nunca lucrou (é ver os casos de Futre, Figo, Peixe, Simão, Ronaldo, Quaresma, Nani e de tantos outros que, não tendo atingido o brilhantismo da grande maioria destes, fizeram carreiras respeitáveis noutros clubes) - como tem um conjunto de miúdos que, dominados pela perspectiva de ir ganhar rapidamente milhões para o estrangeiro, não se esforçam sempre para dar o seu melhor em campo pelo clube que os forma.

Mas acho que este assunto merece uma reflexão à parte.


A coisa tem sido mais ou menos assim, ultimamente (salvo honrosas excepções, o que não se verificou hoje):

- Jogos contra adversários mais fracos: quase todos a fazerem marcações em cima e faltas sucessivas, com a complacência dos "incompetentes do apito" - daqui saíram os jogos mais difíceis;
- Jogos contra adversários mais fortes: a jogarem o jogo pelo jogo, o que explica em parte as boas exibições que contra a maioria deles fizemos (Roma, Porto, etc.);
- Sistema de jogo nos jogos mais difíceis: chuto prá frente;
- Miguel Veloso às voltinhas sobre si próprio, antes de fazer um passe curto;
- Abel a atacar com perigo mas a perder muitas bolas na transição defesa-ataque;
- Ronny com uma velocidade certamente conseguida à base de Valium's;
- Romagnoli só nas tentativas de criar jogo;
- Tiago a ficar a meio nas saídas às bolas (ver o segundo golo);
- Izmailov... Izmailov? Hoje jogou?
- Moutinho a pôr as mãos na cabeça após o 364º remate para fora...
- Liedson a esforçar-se imenso;
- Purovic a jogar meia hora e a não perceber bem onde é que é suposto jogar;
- Djaló a tropeçar na bola, após uns sprints bastante interessantes;
- Polga e Tonel a tremerem com tanta lentidão no meio-campo.

Depois, lesionados estão Derlei, Pedro Silva e, hoje, Vukcevic (lutador incansável) e Stojkovic (jogo de pés a melhorar mas bastante segurança entre os postes).

No banco, temos: Paredes, Farnerud, Bruno Pereirinha, Celsinho, Had, Gladstone... e mais uns quantos que pouco ou nada têm jogado.

A juntar a tudo isto, temos um treinador que, ultimamente, tem sido o primeiro a travar a euforia de alguns adeptos quando as exibições ou os resultados a isso levavam - apesar de ser sensato, não me parece ser essa a sua tarefa - e a criticar/desmoralizar a equipa quando ela se exibe mal (como se não fosse nada com ele...), com umas análises pós-jogo que mais parecem feitas por um tipo que está fora do clube.

Se calhar, lá no seu íntimo, até estará...


Espectáculo!


Acho que o melhor seria começar desde já a preparar a próxima época - com as mais do que obrigatórias vendas para fazer mais milhões, algumas dispensas de erros de casting e um planeamento desportivo que contemple mais do que uma hipótese de sistema de jogo-base e vários jogadores de qualidade comprovada para posições-chave, para se poder ter hipóteses reais nas três ou quatro frentes (provas) em que estamos.

É que, a manter-se este estado de coisas - e acho que não vão mudar tão depressa... - parece -me que, nesta época, as nossas hipóteses de lutar pelo(s) título(s) são iguais ao título desta prosa: zero.

2 comentários:

Gonçalves disse...

Dás-me a licença de assinar por baixo excepto no parágrafo em que desancas o bento?
É que tal como dizes, tanto o moutinho como o veloso parece que não andam lá, parece que os cifrões dos clubes dos milhões já tomaram conta deles.
Anda ali muita gente a precisar de uma cura de banco.

Anónimo disse...

Caríssimo, eu também peço licença para assinar por baixo (desanca no Bento icluída!). É uma pena ver o nosso Sporting assim, ainda por cima quando se promete tanto... Gostei especialmente da análise aos jogadores onde, no meio de tanta desgraça, ainda me consegui rir...
Abraço, Diogo