domingo, 4 de novembro de 2007

Gould, Glenn Gould



Na sexta-feira passada, deram no canal Mezzo um programa sobre um pianista extraordinário – o canadiano Glenn Gould. Para mim, nessa altura, nasceu um intérprete a descobrir!

Curiosamente, aconteceu-me exactamente a mesma coisa após ter visto outro programa, também do Mezzo, sobre a violoncelista Jacqueline du Pré. É caso para dizer que isto é que é, efectivamente, "serviço público".


Glenn Gould nasceu em 1932, em Toronto, e cedo se destacou no piano. Veio, mais tarde, a tornar-se num daqueles "intérpretes-colosso" de música clássica. Foi, e é, um dos grandes intérpretes das famosas "Variações Goldberg", de Bach - tidas como a prova máxima para o piano.

Foi considerado, por alturas dos anos 70, o maior pianista do mundo. Mas era um tipo altamente excêntrico, e que tinha uma visão bastante diferente da interpretação.


Neste programa, gravado em 1974, Gould é entrevistado por um musicólogo (julgo que igualmente canadiano), e a conversa - sobre música, fundamentalmente - é intercalada com a interpretação de várias peças tocadas completamente de cor, e sempre sentado numa cadeira ortopédica feita pelo seu pai quando ele era ainda muito jovem (cadeira essa que sempre o acompanhou, até mesmo quando se encontrava quase desfeita!).


Apesar de ter começado cedíssimo a dar espectáculos, tinha como objectivo abandonar cedo a vida dos "concertos em massa" que caracteriza os grandes intérpretes. Dizia que era um desperdício de tempo, pois as melhores interpretações eram conseguidas na calma e interioridade de uma sala, um estúdio e, como tal, era também isso que ele queria fazer - gravar as suas melhores interpretações.

Na forma de falar, no conteúdo, na argumentação, parecia ser um tipo altamente erudito, apesar de ter um ar assim meio chanfrado... Tinha uma posição ao piano muito baixa, e frequentementemente, trauteava a música e fazia movimentos circulares com o corpo durante as interpretações, que eram sempre muito vividas, digamos.

Foi um estudioso profundo da vida e obra de muitos compositores, alguns completamente desconhecidos do comum dos mortais.

Faleceu aos cinquenta anos, em 1982, vitimado por um ataque cardíaco fulminante, numa altura em que se dedicava principalmente à gravação e à direcção musical - outra das suas grandes paixões.


Depois de uma boa hora a ouvi-lo, fiquei com a sensação de que este programa foi, digamos, um cartão de visita deveras impressionante para quem o conhecia apenas de nome - embora a fama de excentricidade e de domínio profundo e absoluto da técnica já fossem vagamente minhas conhecidas.

Acho que vou ter que ir à Fnac à procura de umas coisas para acrescentar às tais "Variações Goldberg", que por cá já moram... :)

1 comentário:

Anónimo disse...

Vêr o Mezzo,ir à Fnac... Que inveja! Eu continuo nas minhas artes circenses, tentando manter o equilíbrio emocional, a estratégia mais importante nisto de Exame de Especialidade. Obrigada pela partilha, depois também quero ouvir!
Catwoman