terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Vinilo vs. CD

Estive há pouco a matar saudades do meu gira-discos. Espectáculo!


Comprei o meu Rega Planar 2 há praí uns catorze anos, e apesar de já ter trocado a correia (elástica) que faz o prato girar, parece mesmo novinho em folha!

Devo dizer que fiquei muito contente por saber que os velhinhos discos de vinilo ainda tocam que é uma maravilha!

Mas houve uma coisa que me deixou um bocado aborrecido: então não é que a versão em CD do "Electric Co." (a do "Under a Blood Red Sky"), tem um corte a meio? Numa parte mais calma da música, aproveitaram para lhe tirar uns segundos...

Não só nunca me tinha passado pela cabeça tal coisa, como não percebo o porquê do corte.


Será que há mais surpresas deste género noutras gravações em CD? Imaginem, por ex., o que seria fazerem-no no "Paris", ou no "Delicate Sound of Thunder", ou mesmo (oh, heresia!) no "Live in the City of Light"?

É melhor nem pensar nisso...

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Assistências... ou talvez não

A maioria dos chamados "avançados de área" precisam de ter quem lhes dê jogo. Por terem características muito próprias - "faro" para o golo, capacidade de desmarcação, jogo aéreo, pouca capacidade de um-contra-um, alguma (mas não muita) velocidade, etc. - não conseguem, como outros, enfrentar sozinhos as defesas contrárias.

Precisam pois de quem lhes faça as agora chamadas "assistências" - termo julgo que (mal) retirado do basquetebol. Ou seja, quem lhes dê os golos a marcar.

Eu gostava que todos aqueles que dizem permanentemente mal do Purovic (ou de outros jogadores semelhantes) tivessem uma (impossível) oportunidade para verem - sem querer comparar ninguém, obviamente! - por ex., o Jardel marcar golos sem ter ao seu lado colegas como ele teve no Drulovic e/ou no Zahovic, primeiro, e no João Pinto, depois, para lhes criarem as oportunidades. Ou, já agora, o Ronaldo sem o Figo, ou o Riedle sem o Matthäus. :)

Quase que nem se dava por eles, não é?

Ora, quem os põe a jogar nessas condições - quase completamente entregues à sorte do jogo, e sem o tal apoio - arrisca-se não só a não tirar daí proveito algum, como a frustrar os próprios jogadores.

---

O Sporting tem um sistema de jogo - o 4x4x2 - onde não haverá lugar para avançados de área. Como tal, sempre que o Purovic joga, "das duas, uma":

1.º - Ou tem quem joge pelos extremos, para lhe centrar bolas prá área;
2.º - Ou não.

Se tiver, as probabilidades de marcar aumentam. Como é (julgo eu!) fácil de perceber.

---

O que eu não consigo entender é o seguinte: se as equipas que jogam nesse sistema têm avançados mais móveis (para se desmarcarem com facilidade), que correm imenso e que têm bastante capacidade de finta, e se o Sporting não tem extremos para centrar bolas prá área, há aqui qualquer coisa que não bate certo... Não é?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O "efeito-Glorioso"

Há bocado, enquanto via o jogo do Sporting, ouvia o do Benfica na TSF.


O jornalista que fazia o relato do jogo do Benfica estava, há já alguns minutos, absolutamente fora de si com a exibição encarnada - nessa altura, perdiam com o F. C. Nuremberga (equipa que o próprio classificava de "não ser grande espingarda") por dois a zero.

A eliminatória pendia para os alemães, e o Benfica não estava a conseguir fazer nada para alterar a situação.

Só para terem uma ideia, ele próprio (!) já tinha classificado a tal exibição de "uma vergonha!", além de ter igualmente dito que "não tinham jogado pevide na segunda parte". Isto tudo tendo um comentador residente sentado mesmo ao seu lado.


Em determinada altura, alguém - já nem me lembro se foi ele mesmo, o jornalista-relator, ou algum dos que lhe dão apoio junto ao relvado - falou na "última cartada" de Camacho": o treinador benfiquista ia lançar, a cinco minutos do final do jogo, o avançado argentino Di Maria.

Nessa altura, o nosso jornalista, reagindo à substituição, sai-se com esta: "Camacho, em vez de se preocupar com a cartada, devia mas era olhar para o baralho"...

---

Uns minutos depois, zás!: numa daquelas reviravoltas de última hora em que o Benfica é, sem dúvida alguma, o maior do Mundo, o Cardozo faz o dois a um, invertendo assim o desfecho da eliminatória.

O tipo fica praí uns bons sessenta segundos a gritar "Gooooooooooolo", com alguns "Óscaaaaaar!, Óscaaaaaar Tacuara Cardozoooooo!" lá pelo meio.

Nessa altura, o Camacho já devia ser assim, sei lá... "cerebral", talvez. No mínimo.

Este é, meus caros, o exemplo acabado do chamado "efeito-Glorioso": quando está assim mais na fossa, o Benfica é "uma vergonha"; quando está na mó de cima, é o maior do Mundo - mas assim de longe!

De referir que tudo isto aconteceu num intervalo de cerca de dez minutos.


Espectáculo. :)

Já não se fazem músicas assim

Porque sou o cavaleiro andante
Que mora no teu livro de aventuras
Podes vir chorar no meu peito
As mágoas e as desventuras

Sempre que o vento te ralhe
E a chuva de maio te molhe
Sempre que o teu barco encalhe
E a vida passe e não te olhe

Porque sou o cavaleiro andante
Que o teu velho medo inventou
Podes vir chorar no meu peito
Pois sabes sempre onde estou

Sempre que a rádio diga
Que a américa roubou a lua
Ou que um louco te persiga
E te chame nomes na rua

Porque sou o que chega e conta
Mentiras que te fazem feliz
E tu vibras com histórias
De viagens que eu nunca fiz

Podes vir chorar no meu peito
Longe de tudo o que é mau
Que eu vou estar sempre ao teu lado
No meu cavalo de pau


Rui Veloso/Carlos Tê, 1986

Utilitários Futuristas




Mazda 2 e Ford Fiesta.

Espectáculo. :)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Gelsenkirchen

Gostei bastante de ver o jogo do F. C. Porto ontem, frente ao Schalke 04. Bem sei que perderam, mas foi uma joga de bola a sério. E a eliminatória está longe de estar decidida.


Mal comparado, o seu tipo de jogo faz lembrar vagamente aquele que o Benfica costuma praticar no futsal: sempre ao ataque, com permanentes desmarcações.

E o que dizer da preparação física que aqueles meninos apresentam nesta altura da época?

( Como é que é possível? perguntamos nós: em princípio, é "apenas" com muito trabalho e com bastante planificação/organização, coisa que não tem abundado cá em baixo... )


Quem me dera que o Sporting jogasse mais vezes daquela maneira - com garra, com confiança nas suas capacidades, com motivação e sempre virados para o ataque (é que, apesar de não parecer, também o sabe fazer - como, de resto, se viu nos jogos "europeus" deste ano!).

Led Zep

Ando a ouvir/descobrir umas coisas giras, assim mais pró antigo. E, tanto nesta como noutras coisas, mais vale tarde do que nunca.


Acho o "Achilles Last Stand" (dos Led Zeppelin) uma das grandes músicas do rock. Mas assim de caras!

E não percebo como é que só passam nas rádios o "Stairway to Heaven", o "Black Dog" ou o "Whole Lotta Love" (que também são porreiras, atenção!)...


Como diz um amigo de longa data, "Pedal do caneco!". :)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Chuva

A valente carga de água que caiu ontem aqui, na zona de Lisboa e arredores - numa quantidade superior à média do mês de Fevereiro inteira! - pôs-nos, mais uma vez, a pensar se foi só "culpa dos elementos", ou se poderia ter sido feito algo mais.

Basta ver qualquer noticiário para se ficar a saber que, noutras paragens, também acontecem situações como esta, atenção! E algumas bem mais graves, até.

Mas, apesar da violência da chuva, acho que é geral a sensação de que, realmente, poderia (e deveria) ter sido feito mais qualquer coisa: as limpezas atempadas dos meios próprios de escoamento - a situação que se vive, ano após ano, nos túneis da zona de Entrecampos, por ex., sempre que chove com mais intensidade, é uma autêntica vergonha! -, as obras necessárias que foram, há já muito tempo, identificadas, pensadas e prometidas, mas que nunca foram realizadas, etc..

É que já andamos nisto há anos!

Depois, tudo se tornou (muito) mais grave quando se soube que morreram pessoas, e que houve famílias que perderam tudo, ou quase tudo.

Para cúmulo, não só ninguém assume alguma da responsabilidade pelo sucedido (naquilo que é, obviamente, passível de ser alvo de responsabilização), como ainda se trocam acusações. Ou seja, tenta-se sacudir a água do capote (passe a ironia...).

Uma tristeza.

E, no final, quem sofre são (quase) sempre os mesmos.


A malta bem tenta ser mais positiva. Mas, às vezes, é difícil...

domingo, 17 de fevereiro de 2008

A segunda Maravilha chinesa


O novo Estádio Olímpico de Pequim é um espectáculo! A sua estrutura exterior é muito diferente de tudo o que conhecemos neste género de edifícios, e isso é que o torna único.

Lindíssimo!

Ultimatum


Outra filmalhada a sério. O que já era de esperar, diga-se de passagem.


Novamente "filmed on location" - temos, desta vez, cenas em Moscovo, Nova Iorque, Londres, Paris, Madrid e Tangêr! - este "Bourne 3" tem uma história que volta a ser, mais uma vez, muito bem contada, as cenas de acção são muito bem feitas (sem aqueles exageros que, por vezes, nos fazem involuntariamente rir) e tem um naipe de actores que está à altura dos acontecimentos.

Tudo isto é apresentado numa bela edição em DVD em dois discos, com montes de extras que completam bem a história.

Mas houve uma coisa de que não gostei muito, devo dizer: a tremideira quase permanente das câmaras, nas cenas de maior acção. Não sei se já será "da idade" (pode ser, pode ser...), mas acho que abusaram disso, desta vez.

É que há alturas em que nem se percebe bem o que o filme nos quer mostrar - os lugares, as acções, etc. E não me parece que seja essa a intenção; muito pelo contrário.

Apesar disso, achei o filme um espectáculo!

Este "Bourne Ultimatum" é, para mim, e juntamente com o "Identidade Desconhecida" e o "Supremacia", talvez o melhor conjunto de filmes de acção desta década.


Achei o "Casino Royale" uma muito saudável (r)evolução. Mas parece-me que, da próxima vez, o James vai ter que se esforçar para fazer melhor do que este Jason Bourne...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Doze

Pela primeira vez, vi uma corrente nos blogues que costumo ler. E achei piada. Fossem todas como esta...

Agradecendo desde já o desafio, aqui vão doze palavras de que gosto. Não sei se serão 'as de que mais gosto' - acho que há tantas palavras bonitas (seja por que motivo for) que seria uma injustiça para todas as que se seguissem à décima-segunda...

Seja como for, destas eu gosto:

Mãe
Pai
Amor
Amizade
Água
Horizonte
Filosofia
Agir
Reagir
Planar
Verde
Azul


Já estou mesmo a ver: amanhã vou reler isto, e vou certamente concluir que poderia muito bem ter escolhido outras... Ou seja, estas são as de hoje. :)

Como isto é uma corrente, toca a escrever. Peço pois à Dora, à Quitutes, à FalaBarata, à Terramota, ao Pratas, à Girafa, à Loira, à Princesa Urbana, à Prima e à Ursa Maior - para passarem à acção!


Podem escrevê-las aqui, se quiserem. A(s) Casa(s) agradece(m). :)

Junho de 2004


Não gosto assim lá muito das músicas que a Nelly Furtado normalmente canta, devo dizer. Nem de motas. Nem de cavalos. Nem de grandes multidões (bem, disto ninguém gosta...).

Mas a verdade é que sempre que revejo, como ontem e hoje, na SIC, aquelas imagens das deslocações do autocarro da Selecção Nacional de Futebol desde a Academia de Alcochete até aos estádios da Luz e de Alvalade, durante a fantástica campanha do Euro 2004 - com aquela música da Nelly Furtado a tocar em fundo e com aqueles milhares de adeptos de mota, de barco, a cavalo, a pé, à beira da estrada, nas pontes, nos viadutos, em todo o lado! (praticamente impedindo a circulação de mais qualquer coisa com rodas, e deixando apenas espaço para aquele autocarro), a gritarem para eles e por eles, por nós, por todos nós - não consigo deixar de esboçar um daqueles sorrisos meio tristes-meio alegres, os meus olhos enchem-se de água, o peito aperta-se-me (mesmo!) e fico sem conseguir falar normalmente durante um ou dois minutos.

E o que mais me surpreende é que nunca, mas nunca!, me farto de rever essas imagens. Mais: eu quero revê-las!


Elas mostram bem (além, claro está, da enorme pancada que temos) que nós, os Portugueses, desde que devidamente motivados, somos, muito provavelmente, únicos na capacidade de mobilização e no empenho em atingir um objectivo.

Será por isto que os nossos emigrantes (todos eles, de facto; sem excepção) têm tão bons desempenhos "lá fora"? Porque será que, "lá fora", nos sentimos, de uma maneira geral, mais motivados do que cá? Será que é só de motivação que se trata? Ou será que, "lá fora", quando se trabalha, trabalha-se a sério e que, por cá, misturamos o trabalho com uns bocadinhos de cognac durante o dia?

---

É realmente uma pena não nos envolvermos e empenharmos daquela maneira noutras actividades, cá no burgo; acho que teríamos muito a ganhar, se assim fosse.

---


No fim, perdemos. Mas que se lixe! Se o preço a pagar por ver "aquele" (este!) país, aquelas almas tão empenhadas, dedicadas, absorvidas, obcecadas, muitas vezes completamente loucas, a torcer/sofrer/lutar daquela maneira para, trabalhando em equipa (jogadores e todos nós) procurar vencer, se o preço a pagar era a derrota, pois que seja. Eu, por mim, pago.

Dói. E, na altura, doeu ainda mais! Afinal de contas, perder uma final em casa "é dose". Mas pago.

Ficámos a saber como se sentiram os brasileiros em 1950, quando perderam a Final do Campeonato do Mundo de Futebol em casa, contra o Uruguai, em pleno Maracanã! - que foi construído especialmente para esse evento...


E que dizer daquele Portugal-Inglaterra, visto no "estádio da Inês e do Luís", e do qual perdi o primeiro golo beef (ouvido no rádio do carro numa fila da A5, a caminho do tal "estádio")? ...

Mas, felizmente, vi tudo o resto - os outros golos, o prolongamento, a decisão. Tudinho. Sofri aquilo tudo. Sofremos! E, dessa vez, vencemos!

---

Do dia desse jogo, guardo igualmente outra enorme emoção: o relato (que ouvi a posteriori) dos penalties, feito pela equipa da TSF onde pontificava, nessa noite (como em tantas outras) o saudoso Jorge Perestrelo.

Jorge, fazes cá muita falta!

Juntamente com o relato do golo decisivo do Miguel Garcia no AZ Alkmaar-Sporting da meia-final da Taça UEFA de 2005, no último minuto do prolongamento, foram as mais emocionantes exteriorizações de alegria que alguma vez ouvi em bola-na-rádio.

E, sinceramente, duvido que volte a ouvir algo parecido, sequer.

---

Quem viveu aquele mês de Junho de 2004 como todos nós vivemos, desde o Minho até ao Algarve, às Ilhas, a França, à Suíça e a todos os (muitos) outros cantos do mundo onde há Portugueses amantes do desporto-rei, acho que nunca mais vai esquecer aquele Portugal.


É bom lembrar que nós também somos "aquilo" tudo. Especialmente nestas alturas, em que as coisas não andam assim lá muito bem.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Os Portugueses

Quem me conhece, sabe que estou muito longe de ser um pessimista. Mas devo dizer que até eu começo a perder a esperança.


É que, sinceramente, não me lembro de haver um sentimento tão... colectivo de descrença nas instituições como este que agora parece reinar.

Isto não será de "agora", propriamente. Mas parece-me que tem vindo sempre a piorar. E significativamente.

Para onde quer que nos viremos, só ouvimos falar em "broncas" (quase diárias, diga-se de passagem) em praticamente todas as frentes possíveis - desde a Política à Justiça, passando pela Banca, pela Saúde, pelo Futebol, etc. E parece que não só não há um fim à vista, como existir uma impunidade generalizada de todos aqueles que beneficiam desta enorme rebaldaria.

Porque é disso que, fundamentalmente, se trata: de uma enormíssima rebaldaria.

Eu tinha um colega que, aqui há uns bons dez anos, dizia que "anda tudo a gamar". A malta ria-se, na altura. Mas, agora, essa mesma malta lembra-se, e muito!, dele. E já não se ri assim tanto.


Isto faz-me lembrar uma outra história que se conta sobre este "jardim à beira-mar plantado": já desde o tempo dos Romanos se dizia que havia "um povo na Ibéria que, não só não se governava, como não se deixava governar".

Nestas coisas, pode-se (e deve-se) descontar algum exagero que lhes está sempre associado. Mas também costuma sempre haver uma ponta (pelo menos...) de verdade.

Ora, se já andamos nisto há praí uns dois mil anos - mais século, menos século -, a coisa promete...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

O Maior Espectáculo Do Mundo?


A Final do Campeonato de Futebol Americano - o Super Bowl - deste ano foi, mais uma vez, transmitida pela SportTV. Foi na madrugada de segunda-feira passada, e foi, possivelmente, a mais emocionante das últimas.


Em confronto estavam os New England Patriots (de Boston) e os New York Giants. Os primeiros venceram todos (!) os jogos da fase regular (dezassete jornadas, descansando cada equipa numa delas), e depois mais os dois jogos já a eliminar; ou seja, dezoito vitórias seguidas.

Tal só tinha acontecido uma vez, em 1972, ano em que os Miami Dolphins venceram tudo, incluindo o troféu. Foram, até à data, a única equipa a consegui-lo. E era este record que os Patriots queriam igualar. Para tal, só lhes faltava vencer os Giants de Nova Iorque, que vinham de onze vitórias seguidas fora de casa...

Estes chegaram à fase final da prova com o "menos bom" registo de todas as equipas ainda em prova: dez vitórias e seis derrotas. Apesar disso, provaram a todos que tinham uma grande equipa, vencendo (sempre fora!) os jogos que disputaram já nos play-offs, atingindo assim a tão desejada presença no Super Bowl, a maior transmissão televisiva do planeta (em termos de audiências - cerca de cem milhões de telespectadores!).

---

O Super Bowl é um espectáculo único, "à americana": bandas militares, o hino cantado por uma vedeta do Soul ou do R'n'B enquanto uma esquadrilha de aviões de caça sobrevoa, em formação, o estádio, cheerleaders escolhidas a dedo, montes de intervalos (a que somos, felizmente, poupados!) para publicidade paga a peso de ouro, etc. Ou seja, o "filme" é completo.

Isto tudo, claro está, é servido com as habituais e imprescindíveis litradas de Coca-colas, Pepsi's, cervejas, para regarem toneladas de Hamburguers, Waffles, Apple Pies e outras especialidades do género.

Resumindo: uma "americanada pegada". :)

Mas atenção: tudo é apresentado e executado com um profissionalismo difícil de igualar. É um dos exemplos máximos do show business: não há atrasos, nem falhas, nem erros. Nada é deixado ao acaso, e tudo é ensaiado ao pormenor.

Até no intervalo do jogo não há descanso: monta-se um palco no meio do campo, em tempo record, para um mini-espectáculo musical que, este ano, ficou a cargo do Tom Petty and The Heartbreakers. E já lá tocaram nomes tão consagrados como os Rolling Stones, os U2 ou o Prince, entre muitos outros.

Ou seja, até há um espectáculo dentro do espectáculo.

Para se ter uma ideia da grandiosidade do evento, e antes da edição deste ano (a quadragésima segunda), das dez transmissões com mais audiência de sempre, seis eram Super Bowl's - a maior audiência foi a do último episódio da série "M.A.S.H.", em 1983... :)

Soube-se, entretanto, que este foi o que teve maior audiência de todos, pois era grande a expectativa sobre se os Patriots conseguiriam vencer a prova e igualar o registo perfeito dos Dolphins de '72 - noventa e sete milhões e meio de telespectadores.


O jogo foi muito defensivo. Os Patriots eram (e são!) uma máquina de fazer pontos, mas os Giants têm uma das melhores defesas da prova. E, neste jogo, foi a defesa que prevaleceu. De ambas as equipas, diga-se.

Em Dezembro, já se tinham encontrado em Nova Iorque, ainda na fase regular da prova. Nesse jogo os Patriots venceram por 38-35, num jogo que deve ter sido um festival de ataque. Pena não ter sido transmitido...

---

Para quem não sabe, no futebol americano o ataque faz-se passando a bola à mão para a frente (no râguebi, a bola só pode ser jogada para a frente ao pé; à mão, só para trás), visando a conquista de terreno e, basicamente, culmina ou com um pontapé aos postes, que vale três pontos, ou com um touchdown (ensaio) que, após uma "confirmação" (por pontapé aos postes), vale sete.

A grande vedeta e cada equipa é, regra geral, o quarterback, que é o "distribuidor de jogo", embora haja excepções.

Cada equipa tem duas sub-equipas especializadas: uma para a defesa, outra para o ataque (é desta que faz parte o tal quarterback). Há, literalmente, milhares de jogadas estudadas, que são depois ensaiadas por equipas(!) de treinadores especificos para o ataque e para a defesa. Ou seja, uma complicação!

Lembro-me de ter visto, uma vez, há muito tempo, o Robin Williams dizer que o râguebi é assim como que "futebol americano com Valium"... :)

Talvez tenha razão.

---

Nos quatro períodos do jogo, que duram, no Super Bowl, cerca de quatro horas (!) - principalmente por causa dos intervalos para publicidade que, neste evento, são em maior número do que o habitual -, apenas no último é que as coisas aqueceram. E o resultado final só chegou a cinquenta e três segundos do final, depois de várias trocas de liderança.

Lá está: emocionante!

Pois aconteceu o que poucos vaticinavam: a vitória de David sobre Golias. Os New York Giants venceram os New England Patriots por 17-14! Foi um belo exemplo de que não há vencedores antecipados, e também de crença e de grande confiança nas capacidades próprias.


Devo dizer que, apesar de ter estado a torcer pela equipa (aparentemente) mais fraca, tive alguma pena dos Patriots - principalmente por ter sido mesmo no finalzinho. Ficaram muito próximos do objectivo e, como tal, deve doer imenso perder assim... Mas, com a grande equipa que têm, e que devem manter, talvez lá cheguem.

Afinal de contas, os records são para ser batidos ou, neste caso, igualados. Vamos lá ver se é já no próximo ano... :)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Carnaval? Onde?

Já vi muita miudagem (e não só...) vestida a rigor, é verdade.

Mas... E os estalinhos? E as serpentinas nas varandas? E as bombas de mau-cheiro? E os sacos de água (ou os ovos) a voarem? Ou a farinha acabadinha de atirar? Ou as bisnagadelas?

Ainda me lembro de umas bisnagas-pistola à maneira, que tinham força para mandar água a vários metros de distância cá com uma pinta... :)

Népia. Nem nada que se pareça. Nem sequer tenho visto os habituais "sinais"...

E isto não é nada quando comparado com o que se fazia não há muitos anos, no tempo dos nossos pais. Lembro-me de histórias que me contaram das festas-surpresa que se faziam - os chamados "assaltos" - em que um grupo grande "tomava conta", digamos assim, da casa de um amigo, e improvisava-se uma festa com máscaras e baile à mistura.


Fora de Lisboa, sei que continua a haver alguma animação, é verdade. Desfiles, corsos, festas, etc. Mas, mesmo assim, parece-me que isto anda um bocado em baixo.

Será que também o Carnaval já não é o que era?

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Indignação

O texto abaixo foi retirado da edição on-line do "Correio da Manhã" de hoje:

---

"Benavente: Funcionária de gasolineira assassinada
Ninguém acusado da morte

Os três homens que provocaram a morte de Eduarda Ferreira, durante um assalto à bomba de gasolina onde a vítima trabalhava, em Benavente, não estão acusados do homicídio da mulher, de 43 anos, que, sequestrada, tentava acudir aos gritos de pânico da filha, que assistiu a tudo. Isto apesar de o Ministério Público, na acusação, assegurar que um dos arguidos (Cláudio) fez o disparo fatal e que todos “previram que daquela actuação pudesse resultar a morte” de Eduarda e “não se coibiram de realizar tal disparo”. Os três arguidos (João Oliveira, de 39 anos, Luís Pereira Coutinho, 31, e Cláudio Carvalho, 21) estão apenas acusados, em co-autoria, de roubo agravado e outros crimes menores."

---

Têm sido tantas, mas tantas!, as barbaridades deste género que temos ouvido desde há algum tempo a esta parte, que me parece que já estamos meio anestesiados... E esta seria apenas mais uma.

Só que, desta vez, para mim, acho que isto é demais.

E só digo "acho" porque não sou nenhum especialista em Direito. Apenas isso.

Mas também parece-me que não será preciso tanto para concluir que situações tão claras como esta não podem acontecer, sob pena de arrastarem ainda mais pela lama o bom nome da Justiça Portuguesa.

Se é que a Justiça Portuguesa ainda tem bom nome...

Mas acontecem.

Todos nós já ouvimos as mais variadas histórias sobre a libertação de pessoas que foram presas por terem cometido crimes graves, após terem sido ouvidos por juízes. Julgo que essas situações também nos fizeram pensar muito sobre onde é que tudo isto nos irá levar...

Agora, isto? Não consigo perceber.


Mas, pior do que não perceber (eu ainda acho que a história pode, eventualmente estar mal contada, de tão incompreensível que parece ser a decisão tomada) é a sensação que fica no ar de que nos estamos a afundar cada vez mais.