quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

O Maior Espectáculo Do Mundo?


A Final do Campeonato de Futebol Americano - o Super Bowl - deste ano foi, mais uma vez, transmitida pela SportTV. Foi na madrugada de segunda-feira passada, e foi, possivelmente, a mais emocionante das últimas.


Em confronto estavam os New England Patriots (de Boston) e os New York Giants. Os primeiros venceram todos (!) os jogos da fase regular (dezassete jornadas, descansando cada equipa numa delas), e depois mais os dois jogos já a eliminar; ou seja, dezoito vitórias seguidas.

Tal só tinha acontecido uma vez, em 1972, ano em que os Miami Dolphins venceram tudo, incluindo o troféu. Foram, até à data, a única equipa a consegui-lo. E era este record que os Patriots queriam igualar. Para tal, só lhes faltava vencer os Giants de Nova Iorque, que vinham de onze vitórias seguidas fora de casa...

Estes chegaram à fase final da prova com o "menos bom" registo de todas as equipas ainda em prova: dez vitórias e seis derrotas. Apesar disso, provaram a todos que tinham uma grande equipa, vencendo (sempre fora!) os jogos que disputaram já nos play-offs, atingindo assim a tão desejada presença no Super Bowl, a maior transmissão televisiva do planeta (em termos de audiências - cerca de cem milhões de telespectadores!).

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O Super Bowl é um espectáculo único, "à americana": bandas militares, o hino cantado por uma vedeta do Soul ou do R'n'B enquanto uma esquadrilha de aviões de caça sobrevoa, em formação, o estádio, cheerleaders escolhidas a dedo, montes de intervalos (a que somos, felizmente, poupados!) para publicidade paga a peso de ouro, etc. Ou seja, o "filme" é completo.

Isto tudo, claro está, é servido com as habituais e imprescindíveis litradas de Coca-colas, Pepsi's, cervejas, para regarem toneladas de Hamburguers, Waffles, Apple Pies e outras especialidades do género.

Resumindo: uma "americanada pegada". :)

Mas atenção: tudo é apresentado e executado com um profissionalismo difícil de igualar. É um dos exemplos máximos do show business: não há atrasos, nem falhas, nem erros. Nada é deixado ao acaso, e tudo é ensaiado ao pormenor.

Até no intervalo do jogo não há descanso: monta-se um palco no meio do campo, em tempo record, para um mini-espectáculo musical que, este ano, ficou a cargo do Tom Petty and The Heartbreakers. E já lá tocaram nomes tão consagrados como os Rolling Stones, os U2 ou o Prince, entre muitos outros.

Ou seja, até há um espectáculo dentro do espectáculo.

Para se ter uma ideia da grandiosidade do evento, e antes da edição deste ano (a quadragésima segunda), das dez transmissões com mais audiência de sempre, seis eram Super Bowl's - a maior audiência foi a do último episódio da série "M.A.S.H.", em 1983... :)

Soube-se, entretanto, que este foi o que teve maior audiência de todos, pois era grande a expectativa sobre se os Patriots conseguiriam vencer a prova e igualar o registo perfeito dos Dolphins de '72 - noventa e sete milhões e meio de telespectadores.


O jogo foi muito defensivo. Os Patriots eram (e são!) uma máquina de fazer pontos, mas os Giants têm uma das melhores defesas da prova. E, neste jogo, foi a defesa que prevaleceu. De ambas as equipas, diga-se.

Em Dezembro, já se tinham encontrado em Nova Iorque, ainda na fase regular da prova. Nesse jogo os Patriots venceram por 38-35, num jogo que deve ter sido um festival de ataque. Pena não ter sido transmitido...

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Para quem não sabe, no futebol americano o ataque faz-se passando a bola à mão para a frente (no râguebi, a bola só pode ser jogada para a frente ao pé; à mão, só para trás), visando a conquista de terreno e, basicamente, culmina ou com um pontapé aos postes, que vale três pontos, ou com um touchdown (ensaio) que, após uma "confirmação" (por pontapé aos postes), vale sete.

A grande vedeta e cada equipa é, regra geral, o quarterback, que é o "distribuidor de jogo", embora haja excepções.

Cada equipa tem duas sub-equipas especializadas: uma para a defesa, outra para o ataque (é desta que faz parte o tal quarterback). Há, literalmente, milhares de jogadas estudadas, que são depois ensaiadas por equipas(!) de treinadores especificos para o ataque e para a defesa. Ou seja, uma complicação!

Lembro-me de ter visto, uma vez, há muito tempo, o Robin Williams dizer que o râguebi é assim como que "futebol americano com Valium"... :)

Talvez tenha razão.

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Nos quatro períodos do jogo, que duram, no Super Bowl, cerca de quatro horas (!) - principalmente por causa dos intervalos para publicidade que, neste evento, são em maior número do que o habitual -, apenas no último é que as coisas aqueceram. E o resultado final só chegou a cinquenta e três segundos do final, depois de várias trocas de liderança.

Lá está: emocionante!

Pois aconteceu o que poucos vaticinavam: a vitória de David sobre Golias. Os New York Giants venceram os New England Patriots por 17-14! Foi um belo exemplo de que não há vencedores antecipados, e também de crença e de grande confiança nas capacidades próprias.


Devo dizer que, apesar de ter estado a torcer pela equipa (aparentemente) mais fraca, tive alguma pena dos Patriots - principalmente por ter sido mesmo no finalzinho. Ficaram muito próximos do objectivo e, como tal, deve doer imenso perder assim... Mas, com a grande equipa que têm, e que devem manter, talvez lá cheguem.

Afinal de contas, os records são para ser batidos ou, neste caso, igualados. Vamos lá ver se é já no próximo ano... :)

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