sexta-feira, 9 de maio de 2008

Peneda-Gerês III


Na ida para a Peneda, no terceiro dia deste nosso périplo nortenho, fomos surpreendidos pela bicharada, que domina completamente as estradas.

Literalmente!

Andámos a desviar-nos das já habituais vacas, às quais se juntaram alguns porcos, bodes e cabras! A calma desta malta é gira: afinal de contas, os visitantes somos nós e, como tal, só temos é que esperar que eles façam o que têm a fazer todos os dias... Pareceu-nos bem, de resto.


O caminho para a Peneda é sinuoso mas completamente alcatroado - coisa que, segundo nos disseram, ainda é relativamente recente. Mas faz-se bem. E, por entre paisagens lindas, com rios sinuosos, vales cavados, rochas misturadas com "verdes" e um céu meio nublado num dia sem vento, lá demos com o Santuário da Peneda.


Está metido num desses vales profundos, e rodeado de minifúndios (será que existem "microfúndios"?). Só de pensar que foi construído durante o séculos dezoito, e lembrando-nos de que os acessos eram muito difíceis, perguntamo-nos como é que foi possível fazer, naquela zona e naquele tempo, um santuário que é quase uma réplica do do Bom Jesus do Monte de Braga!

Mas está lá. E bem.


Apesar de haver bastantes lugares de estacionamento, nem quero imaginar a confusão de trânsito nos dias de romaria, principalmente com uma zona de entrada e saída cuja largura só permite a passagem de uma viatura tipo autocarro de cada vez...

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Um ou dois quilómetros antes da chegada, cruzámo-nos com duas daquelas senhoras que só devem existir por cá: de preto dos pés à cabeça, cajado na mão, uma cara branquíssima à mostra, uns brincos pendurados nas orelhas, colares ao pescoço e uma vitalidade que não corresponde minimamente ao aspecto físico.

Uma delas tinha uns olhos azuis lindíssimos e um sorriso que nos faziam esquecer os mais de setenta anos que, certamente, já tinha. Ao carro da frente, confirmou o caminho que estava quase a terminar, e a nós, que íamos atrás, só nos disse, com esse sorriso de orelha a orelha, que "ainda bem que lá íamos!", pois eles também iam "à Barca, aos Arcos, a Ponte de Lima, a Braga, ao Porto, a Lisboa... Tem que ser!".

Espectáculo. :)

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Daqui, e depois de visitarmos a Igreja e de percorrermos o santuário, de respirarmos aquele ar puro (mais uma vez, o ar "puro"...), de passarmos por uma belíssima queda-de-água que existia coladinha à igreja (!),


e de bebermos um cafézinho na praça principal que está frente ao Santuário - onde moram as tradicionais lojas de lembranças - regressámos "à base" pelo mesmo caminho. É que a Carla e o Bruno não tinham vindo connosco (tinham uma passeata a cavalo marcada que, soubemos mais tarde, foi interrompida por uma tentativa - bem sucedida, diga-se! - de salvação de uma cadela atropelada pela carrinha do padeiro...), e precisavam das chaves do bungalow que tinham ficado connosco.


O almoço de permeio foi um piquenique completamente "à antiga": havia uma mantinha no chão, uns tupperware's com a paparoca, uns sumos, frutas, e uma "das tais" paisagens! Há muitos anos que não fazia uma destas e, sinceramente, gostei de matar saudades.


Já no final, passaram por nós três senhoras com três rafeirotes-pastores. Quando fomos dar aos cães os restos do repasto, uma delas viu que havia ainda bastantes favas (tinham sobrado do jantar de quinta, e com elas fizémos uma misturada que tinha também arroz, alface e salsichas, e que resultou muito bem!). Disparou logo, sem hesitar: "Não sei se ele vai gostar das favas!..."

Só nos faltava encontrar um rafeiro-pastor selecto no petisco...

O que é facto é que ele "rapou" as salsichas, e pouco mais. Fartámo-nos de rir com o cuidado da escolha do farrusco. :)


Depois da passagem por casa, fomos directos à Portela do Homem, passando por Lobios (e, desta vez, dissemos apenas "Adeus!" ao garagista merengue). A estrada, uns quilómetros depois de Lobios, estava em obras, e acho que a poeirada que se acumulou na macchina depois daquela passagem por terrenos carregados de pedras e terra ainda não saiu...


Pois a Portela do Homem é assim uma espécie de um mix de Sintra com o Bussaco: cheia de arvoredo, de silêncios, tudo bastante arranjadinho, riachos, vistas belíssimas... Ou seja, um espectáculo!

Depois de darmos uma volta de carro para um reconhecimento muito "ao de leve" deste lado do Parque Nacional, metermo-nos por uma estrada romana que corre lateralmente ao Rio Homem, através da qual conseguimos descer para aquela que é, certamente, uma das piscinas naturais mais bonitas que existem neste Parque - aqui mesmo, em Portugal Continental!


Dois destes maduros ainda deram um mergulho, mas aqui o escriba "cortou-as". Fiquei-me pelas fotos, que nem de perto, nem de longe conseguem transmitir a beleza do local. Um sítio que não esquecerei!



O regresso fez-se pelo mesmo caminho. À chegada, o sentimento era de grande satisfação e, ainda, de alguma incredulidade: um sítio daqueles aqui mesmo "ao lado", no Gerês! E ainda há malta que só fala em viajar para o estrangeiro...

Aposto que muitos portugueses nem sequer conhecem esta pequena-grande maravilha lusa! Pois nem sabem o que perdem. :)

A Carla e o Bruno, entretanto, puseram-nos ao corrente das aventuras com a Boneca ("no comments!"), que já se tinha encaminhado para o lado "positivo", digamos.

Depois, e já com o Expresso na mão - a malta até se esqueceu dos jornais... :) - passámos uma vista de olhos por algumas das novidades destes últimos dias, antes da preparação da janta caseira que, para variar, estava um espectáculo! :)

À noite, e para variar, fomos ao "Pires" para beber um cafézinho e conversarmos sobre as magníficas passestas que demos nestes dias. E devo dizer que aqueles "Favaitos" fresquíssimos que bebemos a seguir foram outro dos pontos muito altos destas férias!



A viagem de regresso fez-se no Domingo, passando por Ponte de Lima (que grande lombo assado no "Muralha"!), seguindo depois a A1 e desviando pela A8, em Leiria, para fugir ao regresso da malta - acho que nem era preciso, mas enfim...


Só vos digo uma coisa: depois de tudo o que vi(ve)mos, mal posso esperar para regressar ao Parque Nacional de Peneda - Gerês! E mesmo que não seja com este Dream Team - o que me leva a concluir que as sensações já não vão ser as mesmas, pois sou daqueles que acredita que são as pessoas quem faz os ambientes - ficou ainda muito por ver.

E se for sequer parecido como isto que vimos... ;)

5 comentários:

Dora disse...

Perfeita descrição! :-)
As fotos ficaram um espectáculo!

Bjs

Anónimo disse...

E a companhia Sr. Napoles? Calculo que também foi muito boa :)

Bj
su

Anónimo disse...

Lembrei-me agora que há 8 anos passei umas óptimas férias no Lindoso, numa casa da EDP...
Ops 8 anos... e 2 das boas companhias de então ainda preservo, o que é optimo!

Anónimo disse...

Para mim foi o melhor dia...
O verdadeiro Gerês é o Gerês da Serra do Gerês!!
Parece óbvio....

quando é que há uma ponte para rumarmos a Norte?

Hugo

Unknown disse...

Amei as fotos e adorei o carinho pelo qual se pos a falar do gerês. è um lugar maravilhoso vivo em Braga e sempre que posso vou com o meu amor ao gerês. No retorno costumo faser a parada obrigatória na Adega do Ramalho, bebo um bom vinho verde e alguns petiscos caseiro tudo delicioso. Um forte abraço!Sandra Moreira