quarta-feira, 7 de maio de 2008

Peneda-Gerês II


Os Pitões das Júnias são, talvez, "a" atracção da zona mais a leste do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Tem como principais motivos de interesse os "trilhos" que levam a um mosteiro do século XII (semi-recuperado) e a uma bela cascata, à qual se chega através de uma longa e recente escada de madeira.




A dificuldade das caminhadas não me pareceu assim lá muito grande, mas como assentam em descidas e subidas feitas por caminhos um bocado irregulares, também não será propriamente muito pequena.


Digamos que a maioria da malta chegou cansada ao ponto de partida (o percurso começa e acaba praticamente na mesma zona, na aldeia de Santa Maria das Júnias), depois de cerca de três horas de caminhada, intervalados pelo almoço ligeiro feito de sanduiches, frutas, sumos e água, devidamente preparado de manhã, antes da saída.

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A viagem começou cedo, e fez-nos atravessar duas vezes a fronteira - foi nessa jornada que o "bálsamo" da diferença de preços entre a gasosa espanhola e a nossa se fez sentir, pela primeira vez.

Depois de me refazer da surpresa que foram aqueles vinte e seis cêntimos, e durante o atestar do depósito, lá meti um pouco de conversa com o garagista (lembram-se desta palavra, "garagista"?). Falámos de bola, e dos resultados da véspera - as surpresas das meias-finais de Taça UEFA: Zenit de São Petersburgo, 4 - Bayern de Munique, 0 (!!!) e Fiorentina, 2 - Glasgow Rangers, 4, após desempate por penalties (tinha acabado 1-1, como na primeira mão)!

Ele, depois de me dizer que quem devia ter eliminado o Bayern não era o Zenit, mas sim o Getafe - como se houvesse justiça no futebol... - disse-me que o seu chefe era "un cabr..", e que o tinha gozado imenso aquando de uma derrota do "seu" Real Madrid (não percebi bem qual, mas imagino que tenha sido para a Champions, com o Roma).

A bola também ajuda à confraternização, não há dúvida.

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A reentrada em Portugal levou-nos a passar, entre outras, pela pequena, muito isolada e completamente rural aldeia de Tourém.

Quando perguntámos a um habitante qual o caminho a seguir para os Pitões,

(é, é verdade: num mundo já muito virado para os GPS's, ainda há quem abra a janela e pergunte o caminho... :) )

ele respondeu de imediato e de uma forma muito cordial, indicou-nos qual o percurso a fazer dentro da aldeia para depois apanharmos a estrada que queríamos e, como se já não bastasse, ainda repetiu a explicação, para que não restassem dúvidas!

É depois destas e doutras que, por vezes, se fica com aquela sensação que as pessoas que moram nestes lugares mais remotos têm mesmo que ser "diferentes" daquelas que, diariamente, nos rodeiam. Um espectáculo! :)

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Já nos Pitões das Júnias, a caminhada começou bem agasalhada, mas terminou já de mangas arregaçadas. Coisas de um dia que começou fresco e que aqueceu bastante lá pelo meio.

Depois de ficarmos encantados com o Mosteiro e suas imediações,


com a cascata, com a grande categoria do ar puro que (mais uma vez) respirámos, com as inúmeras vistas e com um Portugal que a maioria ainda não conhecia,


descansámos da estafa que apanhámos a subir a dita "escadaria da cascata" num café na aldeia - onde jogámos uns matrecos à maneira (e a vinte cêntimos, Alex!) - e rumámos "à base".

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Seguiu-se a parte mais cansativa deste segundo dia. É que, para fazer praí uns oitenta quilómetros, demorámos cerca de três horas!

Apesar de termos feito parte de um bonito percurso conhecido como "a estrada das barragens" - passámos pelas da Venda Nova,


da Caniçada e da de Vilarinho das Furnas - e de termos passado também pelo Santuário do S. Bento da Porta Aberta (enorme, e com muito boas condições para receber os fiéis!), tudo foi feito a trinta e tal quilómetros por hora de média... Ele era curva, contra-curva, depois uma curta recta, a que se seguia mais uma curva, e lá vinha mais um bocadinho de recta... Uma seca!!!

Passámos pela muito arranjadinha aldeia de Brufe e, depois de nos termos cruzado com mais umas quantas vacas barrosãs (que são "mato", por aqueles sítios) lá perguntamos a uns pastores como é que se chegava a Germil - que ficava a caminho (que não vinha nos nossos mapas) de Entre-Ambos-Os-Rios, já na estrada que vai dar ao Lindoso.

Depois de uma explicação muito esclarecedora, soltei um deslocadíssimo "Thank you", que me soou pessimamente - foi de tal maneira que tive de o completar com um mais convencional e natural "obrigado".

Escusado será dizer que estou a ser alvo de gozação até agora... :)

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A janta foi na Pousada (que tem uma magnífica vista das traseiras), junto dos bungalows. Comemos um bacalhau com natas saboroso e competente, mas bastante... normal, digamos. A sopa que o antecedeu era robusta, o vinho verde tinto que o acompanhou caiu bastante bem, e o café no "Pires" que fechou a noite nem sequer beliscou a vontade enorme de cair na cama.


No dia seguinte, iamos rumar à Peneda e ao Gerês mais tradicional, digamos. Assim o fizemos, e em boa hora! :)

2 comentários:

Dora disse...

É preciso dizer que os 0,20€ dos matrecos só davam direiro a 3 bolinhas! :-)

Que a estrada que atravessava Tourém tinha 2,00 m de largura, para os dois sentidos de circulação, suja de lama e bostas do gado! :-)

Terramota disse...

3 bolinhas?? Bolas!

Que bela passeata! Para quando o próximo "Vá para fora cá dentro"?