terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A Sensibilidade de Harry Callahan


Este último Clint Eastwood, "A Troca", é um dramalhão: a história (verídica) é bastante triste e muito dramática, mas muito bem contada. E gostei de rever a Angelina e o Malkovich. Acho é que a emoção da narrativa acaba por se sobrepor a tudo o resto, o que é pena. A fotografia e a reconstituição da Los Angeles do final dos Anos Vinte, início dos Anos Trinta são excelentes, por exemplo.

Mas atenção: acabamos por ficar completamente absorvidos até final, para ver o desenlace. Acho que isto é muito bom, tanto do ponto de vista do espectador, como do ponto de vista de quem faz o filme.

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Ontem, dei comigo a pensar no que conheço da carreira de realizador do tio Clint.

Acho que ninguém conseguiria imaginar o seu percurso, não?

Para muita pena minha, não vi as "Cartas de Iwo Jima". Nem "As Bandeiras dos Nossos Pais". Mas vi o "Mystic River" (não achei assim nada de especial - devo ter sido o único...), o "Million Dollar Baby" (outro dramalhão, mas que tem interpretações fantásticas e um final que nos consegue deixar, simultaneamente, esmagados, conformados mas também aliviados e "em paz" - é, quanto a mim, uma conclusão absolutamente superior para a história), o "Blood Work" (um policial mais convencional, digamos), o "Unforgiven" (western sujo, triste, deprimente, mas com um grande sentido de Justiça e com uma história ao nível das cóboiadas mais antigas - ou seja, muito bom!) e o - para mim - inesquecível "As Pontes de Madison County" (actores nos píncaros, música lindíssima, sensibilidade muito acima do habitual, história comovente... enfim, Cinema).


Traços comum a quase todos eles: a sensibilidade da sua visão; a emotividade nas histórias; a aceitação (resignação?) das mais diversas condições das personagens, ou das histórias; a música da sua autoria (!).

Clint, por mim podes continuar assim!

Ainda vi mais uns quantos filmes de e com ele - além dos excelentes westerns-spaghetti (e sem ser spaghetti também, atenção! - lembro-me do "Pale Rider", por ex., que vi em miúdo), adoroei o "Absolute Power", em que ele faz de um ladrão que, inadvertidamente, presencia um assassinato cometido pelo Presidente dos E.U.A. (Gene Hackman), que irá desmascarar, e o "In the Line of Fire", em que faz de segurança-sénior novamente do Presidente, e onde contracena com a fantástica Renée Russo.


Acho que posso dizer que ele é uma daquelas estrelas que me puxa, à confiança, para o cinema. Já vão havendo poucas...

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