terça-feira, 4 de novembro de 2008

Diferenças


Tive a sorte de, na minha vida, ter visto o Sporting jogar à bola como já não se vê hoje em dia: um futebol apoiado, pensado, bonito, "de pé para pé"; mas também mais lento do que o actual, onde não se via a pressão quase constante que tem vindo, quanto a mim, a estragar o jogo.

Foi já há uns bons anos: primeiro, algures no final da década de oitenta, quando o treinador foi o grande António Morais (que, se bem me lembro, foi o adjunto do José Maria Pedroto no F.C. Porto) - tragicamente desaparecido num desastre de automóvel -; depois, mais recentemente, no final da década de noventa, quando o mister era o croata Mirko Jozic.

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O futebol do treinador português era mais bonito, ainda, do que o do croata. Mas ambos tinham um charme do tipo do da Argentina de Menotti, ou do do Brasil de Telé Santana (esse mesmo, o de '82) - salvaguardadas, claro está!, as devidas distâncias...

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Ora, como o jogo era bonito, iam ao saudoso Estádio José de Alvalade multidões bem maiores do que aquelas que vemos hoje no Alvalade XXI. E, muitas vezes, a malta vinha de lá animada - principalmente quando se ganhava o jogo, claro! Era o aliar da beleza à eficácia.

Mais recentemente, apenas na altura do caído-em-desgraça José Peseiro voltei a ver o Sporting jogar bonito. Mas esta fica para outro texto... :)


Cheguei há pouco a casa vindo do dito Alvalade XXI, onde o Sporting venceu o Shakhtar Donetsk por um a zero - resultado que deu ao Sporting, pela primeira vez na sua história, a qualificação directa para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões!

Valeu, mais uma vez, pelo resultado, pelos preciosos pontos amealhados (três, no caso) - e, consequentemente, pela massa angariada - e pelo convívio. Agora, a exibição... Bem, nem vale a pena "bater mais no ceguinho", como se costuma dizer. Mázinha, fraquinha, o que quiserem. Estiveram lá os mesmo defeitos de ultimamente, que não irei aqui repetir. Mas também vi lá garra, determinação e uma boa coesão na defesa, digamos.

Que diferença para o futebol desses dois Senhores! E que saudades, também...


Ouvi na rádio o presidente do clube responder à questão "Porque é que as pessoas não vão mais ao estádio apoiar a equipa?" com um "Não sei."

Pois eu sei. Dificuldades financeiras conjunturais à parte, eu sei. E acho que ele também sabe. Mesmo que não o queira dizer.

Eu digo-o, já: quem é que está disposto a pagar para ir ver jogos com esta "qualidade"?


É claro que podem sempre argumentar que nem o António Morais nem o Mirko Jozic ganharam nada. E este treinador-ainda-em-crescimento Paulo Bento já tem duas Taças de Portugal e outras tantas Supertaças na bagagem, entre outros troféus ... Contra isto, nada a dizer. Agora, acho é que jogar apenas "prático", para o um-a-zero (ou para o empate, mesmo) não traz pessoas (de volta) ao estádio.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Amigo de bancada, até posso estar de acordo com alguns aspectos mencionados no teu texto, contudo deixa-me realçar a capacidade e ambição demonstrada pela equipa. Sim, eu disse equipa, pois noutros momentos do passado tal não existia e agora existe. E para tal muito contribui o PB.
O que importa agora é ganhar aos morcões no Domingo. Vou comprar bilhete!
Saudações desportivas,
Nuno